Lábios da Sabedoria

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"Se você assume que não há esperança, você garante que não haverá esperança."

Quem é Noam Chomsky?

Avram Noam Chomsky, nascido em Filadélfia, Estados Unidos, é um linguista, filósofo, cientista cognitivo, analista político e ativista social. É frequentemente descrito como o “pai da linguística moderna”, e ao mesmo tempo uma das vozes mais críticas e independentes do pensamento político contemporâneo.

Professor emérito do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), Chomsky tornou-se uma figura de referência tanto nas ciências formais quanto nas humanidades, e sua produção teórica atravessa mais de sete décadas.

Obras principais

 Em linguística e cognição:

  • Syntactic Structures (1957)

  • Aspects of the Theory of Syntax (1965)

  • The Minimalist Program (1995)

 Em política e crítica social:

  • Manufacturing Consent (1988, com Edward S. Herman)

  • Hegemony or Survival (2003)

  • Who Rules the World? (2016)

  • Requiem for the American Dream (2017)

Contribuições filosóficas e teóricas

 1. A revolução chomskiana na linguística

Chomsky transformou completamente os estudos da linguagem com sua teoria da gramática gerativa, defendendo que a capacidade linguística é inata, isto é, os seres humanos nascem com uma estrutura mental que os permite aprender qualquer idioma.

“A linguagem é uma janela para a mente humana.”

Com isso, refutou o behaviorismo de B.F. Skinner, que via a linguagem como mero produto de estímulo e resposta. Para Chomsky, há estruturas mentais universais que moldam a linguagem — o que ele chamou de gramática universal.

Essa abordagem não só revolucionou a linguística, mas também teve grande impacto na filosofia da mente, inteligência artificial e neurociência cognitiva.


 2. Racionalismo e crítica ao empirismo

Chomsky é um racionalista no sentido clássico: acredita que certos conhecimentos são inatos e estruturam a experiência humana. Com isso, dialoga com pensadores como Descartes e Leibniz, contrapondo-se aos empiristas como Hume e Locke.

Ele resgata uma tradição filosófica em que a mente não é uma tábula rasa, mas um sistema complexo que antecipa a experiência com estruturas próprias.


 3. Crítica à mídia e ao poder

Com Edward S. Herman, Chomsky desenvolveu o conceito de “modelo de propaganda” no livro Manufacturing Consent:

“A mídia corporativa não é uma fonte neutra de informação. Ela serve aos interesses dos donos do poder.”

Esse modelo mostra como a imprensa, sob controle corporativo, molda a opinião pública em favor dos interesses políticos e econômicos dominantes, filtrando os acontecimentos, silenciando dissensos e fabricando consenso ideológico.


 4. Imperialismo e política externa dos EUA

Chomsky é um crítico feroz da política externa norte-americana. Denuncia intervenções militares, golpes de Estado, apoio a ditaduras e guerras que beneficiam elites econômicas.

Ele revela a hipocrisia dos discursos de “liberdade” e “democracia” usados para justificar ações violentas e neocolonialistas — como nas guerras do Vietnã, Iraque e Afeganistão.


 5. Liberdade, responsabilidade e democracia

Para Chomsky, a democracia verdadeira só é possível com uma população bem informada. Por isso, defende o acesso à informação crítica, a educação libertadora e a participação ativa da sociedade civil.

Ele também é herdeiro da tradição anarquista libertária, especialmente do anarquismo de esquerda, que defende a organização social horizontal, sem coerção e dominação.

Principais críticas e controvérsias

  • Estilo combativo e direto: Chomsky não suaviza suas críticas, o que o colocou em confronto com governos, intelectuais liberais e até mesmo setores da esquerda.

  • Crítica à pós-modernidade: É frequentemente crítico de pensadores pós-estruturalistas, como Foucault, argumentando que muitos abandonam o rigor lógico e a clareza analítica.

  • Separação entre teoria linguística e política: Apesar de suas contribuições imensas nos dois campos, há debates sobre como (ou se) suas visões linguísticas se conectam com suas posições políticas.

No Lábios da Sabedoria

Estudar Noam Chomsky é encarar uma mente que busca desvendar os mecanismos ocultos que moldam o mundo — da linguagem à política global. Ele nos convida a pensar criticamente, desconfiar da autoridade e buscar formas de viver que respeitem a autonomia humana.

“Se não acreditarmos na liberdade de expressão para aqueles que desprezamos, então não acreditamos nela de forma alguma.”

Chomsky representa uma filosofia clara, racional e profundamente ética, que desafia o conformismo e estimula o pensamento insurgente. Em um mundo saturado por manipulações midiáticas e discursos falsamente neutros, sua obra permanece como um chamado à lucidez e à ação consciente.