Lábios da Sabedoria

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“Ser humano significa ser vulnerável às injustiças e, por isso, devemos estruturar nossas sociedades para proteger e promover a dignidade de todos.”

Quem é Martha Nussbaum?

Nascida em Nova Iorque, Martha Craven Nussbaum é uma filósofa, jurista, classicista e ativista. É professora na Universidade de Chicago, com atuações nas áreas de Direito, Ética, Filosofia Política, Estudos Clássicos e Gênero. Sua obra é marcada por uma tentativa rigorosa de pensar a justiça social a partir das capacidades humanas, defendendo um modelo de sociedade que coloque a dignidade no centro do projeto político.

Sua formação filosófica passa por Aristóteles, Estoicismo, liberalismo político (especialmente John Rawls), mas também pela literatura, que ela considera fundamental para o cultivo da empatia moral.

Obras Principais

  • The Fragility of Goodness (1986)

  • Sex and Social Justice (1998)

  • Women and Human Development (2000)

  • Hiding from Humanity (2004)

  • Creating Capabilities (2011)

  • Political Emotions (2013)

  • The Monarchy of Fear (2018)

  • Justice for Animals (2023)

Pensamento e Contribuições

 1. Abordagem das Capacidades

Ao lado do economista indiano Amartya Sen, Nussbaum desenvolveu a teoria das capacidades como alternativa à visão econômica tradicional de desenvolvimento baseada apenas em PIB.

Segundo ela, a justiça deve ser medida não apenas por igualdade formal, mas pela real possibilidade que as pessoas têm de viver vidas dignas. Para isso, ela lista capacidades humanas centrais, como:

  • Vida digna e longevidade

  • Saúde e integridade corporal

  • Liberdade de pensamento, expressão e religião

  • Afetos e vínculos sociais

  • Autonomia e controle sobre o próprio ambiente

Esse modelo tem sido usado em políticas públicas, especialmente voltadas a mulheres, minorias e populações vulneráveis.


 2. Justiça, Emoções e Vulnerabilidade

Diferente de muitos filósofos políticos modernos, Nussbaum acredita que as emoções devem ser levadas a sério na ética e na política. Emoções como medo, raiva, inveja, amor, compaixão são parte constitutiva das decisões morais e institucionais.

Ela propõe que a política democrática deve cultivar emoções públicas que fortaleçam a empatia e o senso de pertencimento — em vez de explorar o medo e o ressentimento, como fazem os discursos autoritários.

“A compaixão é uma emoção inteligente: ela responde a julgamentos sobre sofrimento e injustiça.”


 3. Feminismo e Justiça Social

Nussbaum defende um feminismo universalista, centrado na promoção da igualdade de capacidades reais entre homens e mulheres. Ela critica formas de relativismo cultural que ignoram opressões disfarçadas de “tradições”, como mutilações genitais femininas ou repressões legais ao corpo e à liberdade das mulheres.

Ela acredita que a defesa dos direitos humanos transcende fronteiras culturais, mas deve ser feita com sensibilidade local e diálogo intercultural.


 4. Literatura como forma de filosofia moral

Desde seus primeiros escritos, Nussbaum vê a literatura como um campo filosófico legítimo, capaz de desenvolver a empatia, a imaginação moral e a sensibilidade ética. Romances, tragédias gregas e obras clássicas nos colocam diante de dilemas éticos que não podem ser reduzidos a fórmulas.

“A literatura nos permite viver muitas vidas — e com isso, entender melhor as vidas dos outros.”


 5. Justiça para os animais e meio ambiente

Em seus escritos mais recentes, Nussbaum estende a teoria das capacidades aos animais não-humanos, defendendo que eles também possuem interesses, experiências e capacidades que merecem ser protegidas juridicamente.

Ela propõe um modelo de justiça não antropocêntrico, e convida a filosofia política a reconhecer a interdependência da vida no planeta.

Críticas e Controvérsias

  • Universalismo contestado: sua defesa de padrões universais de justiça é criticada por pensadores pós-coloniais e relativistas culturais, que a acusam de impor valores ocidentais a outras culturas.

  • Teoria das emoções: alguns filósofos políticos consideram problemático incluir emoções no campo da racionalidade pública.

  • Compatibilidade com o liberalismo: há quem veja tensões entre sua ênfase em igualdade substantiva e o respeito liberal às escolhas individuais.

Nussbaum no Lábios da Sabedoria

Martha Nussbaum representa uma filosofia que se recusa a ser apenas contemplativa. Ela insiste que o pensamento deve melhorar vidas reais, especialmente as mais vulneráveis, e que a justiça é um projeto inacabado, que precisa de coragem, empatia e razão crítica.

Em tempos de ódio político, desinformação e desumanização, sua voz se ergue como um chamado à compaixão lúcida e à ação transformadora.

Nussbaum no Lábios da Sabedoria

Martha Nussbaum representa uma filosofia que se recusa a ser apenas contemplativa. Ela insiste que o pensamento deve melhorar vidas reais, especialmente as mais vulneráveis, e que a justiça é um projeto inacabado, que precisa de coragem, empatia e razão crítica.

Em tempos de ódio político, desinformação e desumanização, sua voz se ergue como um chamado à compaixão lúcida e à ação transformadora.

“A filosofia deve nos ajudar a viver — e a viver juntos, com dignidade e coragem.”